
Existe uma grande possibilidade de que um arquétipo de marca tenha influenciado subconscientemente suas decisões de compra mais no dia a dia.
O que é um Arquétipo da Marca?
Um arquétipo de marca é uma representação dos traços de caráter humanos que mais refletem uma determinada marca. Existem doze arquétipos de marca comumente reconhecidos:
- Fora da Lei (Outlaw): Rebeldia, liberdade, desafio das normas.
- Criador (Creator): Inovação, originalidade, expressão criativa.
- Mágico (Magician): Transformação, visão, habilidades extraordinárias.
- Herói (Hero): Coragem, determinação, superação de desafios.
- Amante (Lover): Paixão, sensualidade, conexões emocionais.
- Bobo da Corte (Jester): Diversão, humor, irreverência.
- Homem Comum (Everyman): Identificação, simplicidade, relatabilidade.
- Cuidador (Caregiver): Empatia, suporte, preocupação com o bem-estar.
- Governante (Ruler): Liderança, autoridade, compromisso com a excelência.
- Inocente (Innocent): Simplicidade, otimismo, pureza.
- Sábio (Sage): Sabedoria, orientação, conhecimento profundo.
- Explorador (Explorer): Descoberta, liberdade, busca por novos horizontes.
Como consumidores, praticamente, somos todos influenciados pelos arquétipos. De acordo com Gerald Zaltman, professor da Harvard Business School, 95% das decisões de compra das pessoas acontecem no subconsciente.
Você pode aproveitar tirar vantagem disso e aplicar em seu negócio. Os arquétipos de marca são uma das maneiras mais poderosas pelas quais sua marca pode acessar o subconsciente dos consumidores.
Nos últimos 5 anos, nossa equipe ajudou vários empreendedores e pequenas empresas a construir e expandir suas marcas. Realizamos palestras em inúmeros congressos e webinars sobre arquétipos de marca.
Antes de analisarmos cada arquétipo e maneiras de utilizá-los em sua estratégia de marca, vamos ver algumas história dos arquétipos das Marcas já existentes.
Os seres humanos amam contar histórias, o que explica por que os arquétipos ressoam poderosamente com as pessoas.
Enquanto as primeiras explorações dos arquétipos aconteceram séculos atrás com o filósofo grego Platão, os arquétipos como um conceito psicológico foram introduzidos na história moderna pelo psiquiatra e psicanalista suíço Carl Jung.
Jung acreditava que a humanidade compartilha um “inconsciente coletivo”. Por causa disso, as pessoas nascem com os mesmos instintos e compreensão subliminar de padrões comportamentais que reconhecem imediatamente quando os veem.
Os arquétipos, segundo Jung, eram as tendências inatas das pessoas que desempenham um papel na influência do comportamento humano. E é assim que os arquétipos se tornaram modelos de personagens atemporais que todo ser humano conhece. Quer nos contem uma história sobre a jornada épica de um herói, a desafio de autoridade de um fora da lei, ou a conquista de um governante, os arquétipos são personagens nas histórias que todos nós compreendemos instintivamente.
O modelo de arquétipos usado em branding e marketing foi introduzido pela primeira vez no livro “The Hero and the Outlaw: Building Extraordinary Brands Through the Power of Archetypes” por Margaret Mark e Carol Pearson.
Mark e Pearson sugeriram que os arquétipos são essenciais no branding “porque transmitem um significado que faz com que os clientes se relacionem com um produto como se ele estivesse de alguma forma vivo, eles têm um relacionamento com ele e se importam com ele.”
Neste sentido, os arquétipos de marca ajudam a construir uma marca que o público reconhece em um nível profundo e duradouro.
Além disso, quando se trata de se destacar na multidão, estratégias de diferenciação podem ser muitas e raramente são eficazes quando usadas por outra marca.
Por outro lado, as personalidades têm possibilidades infinitas e dão às empresas mais espaço para trabalhar. Elas são únicas e podem ser memoráveis.
As marcas com as quais as pessoas têm os laços mais fortes – Nike, Apple, Amazon, Tesla – têm arquétipos claramente definidos refletidos em seu branding – desde o design visual, mensagens, tom de voz, e até mesmo em seus produtos e serviços.
1. O Arquétipo do Fora da Lei
O Fora da Lei é o mensageiro da mudança. Eles são rebeldes com uma causa. Essa causa é desafiar o status quo.
Os Foras da Lei não seguem regras, conformidade e têm desdém por autoridade ou qualquer coisa que ameace a liberdade de escolha deles (ou de qualquer outra pessoa).
Embora os Foras da Lei sejam bons no fundo, são motivados principalmente pela raiva e podem recorrer a formas mais disruptivas ou destrutivas para alcançar seus objetivos.
- Desejo: Libertação
- Estilo de Branding: Criticar ou denunciar o status quo; disruptivo e chocante
- Indústrias Ideais: Arte corporal, automobilística, vestuário alternativo
- Exemplos de Marcas com o Arquétipo do Fora da Lei: Virgin, Harley-Davidson, DocMartens, MTV
Como aplicar a estratégia de marca do Fora da Lei
Para atrair clientes com arquétipos de Fora da Lei, as marcas devem primeiro demonstrar que veem o mundo como o Fora da Lei vê: autoridade, conformidade e o convencional são inimigos comuns.
As marcas do Fora da Lei devem desafiar normas sociais e hábitos cotidianos em suas campanhas de marketing para se conectar com clientes de mentalidade semelhante.
Evite ser formal na sua abordagem e no tom de comunicar. Determinação, atitude e uma abordagem de “manda lixar” em sua estratégia de marketing – e em seus designs visuais, como o logotipo da empresa – vão ressoar melhor com esse público.
2. O Arquétipo do Criador
Criador é o herói da imaginação e da autoexpressão. Eles são movidos pela necessidade de construir criações excepcionais e duradouras.
Este arquétipo valoriza o design e a estética.
Eles devem se expressar com seu talento e se esforçar para dar vida à sua visão por meio dessa expressão. Os Criadores acreditam que se você pode imaginar, você pode criar.
- Desejo: Inovação, autoexpressão
- Estilo de Branding: Desbloqueio da imaginação, busca pela originalidade
- Indústrias Ideais: Artes e design, tecnologia da informação, marketing
- Exemplos de Marcas com o Arquétipo do Criador: Adobe, LEGO, Pinterest
Como aplicar a estratégia de marca do Criador
O público do tipo Criador não é fã de publicidade tradicional, produtos medianos e recursos existentes.
Essas pessoas estão dispostas a pagar mais por produtos mais criativos e que os ajudam a se expressar melhor.
Para atrair um criativo, é necessário celebrar o processo criativo e inspirar a autoexpressão.
A mensagem da marca deve despertar o desejo pelo processo criativo e inspirar os clientes a expressar sua natureza da melhor maneira possível.
As marcas devem constantemente experimentar novas soluções, produtos e designs, e focar em oferecer experiências extraordinárias.
Marcas do tipo Criador tendem a ter seguidores leais porque frequentemente inspiram seus clientes a serem melhores criativos.
3. Arquétipo do Mago
O arquétipo do Mago representa transformação, visão e o extraordinário. Os Magos possuem um profundo entendimento sobre como as coisas funcionam e têm a capacidade de transformar sonhos em realidade por meio de suas ideias visionárias.
Esse arquétipo valoriza a intuição, a perspicácia e a espiritualidade. Os Magos são frequentemente vistos como figuras misteriosas ou enigmáticas.
- Desejo: Transformação, iluminação
- Estilo de Branding: Revelar possibilidades, criar um senso de admiração
- Indústrias Ideais: Tecnologia, bem-estar, produtos de luxo
- Exemplos de Marcas com o Arquétipo do Mago: Disney, Apple, Dyson, TED
Como aplicar a estratégia de marca do Mago
Para cativar indivíduos que personificam o arquétipo do Mago, as marcas devem criar uma aura de mistério, prometendo experiências transformadoras ou produtos que transcendam o comum.
Utilize narrativas e visuais envolventes para despertar a curiosidade e um senso de maravilha. Enfatize a inovação e destaque como sua marca pode mudar o mundo ou causar um impacto significativo.
Estabeleça um senso de exclusividade ou singularidade em torno de suas ofertas, destacando como elas capacitam os clientes a alcançarem suas aspirações ou vivenciarem um estado superior de ser. Incorpore elementos de espiritualidade ou sabedoria profunda em sua narrativa de marca, explorando o desejo por iluminação e crescimento pessoal.
4. O Arquétipo do Herói
O Herói é o salvador e redentor da sociedade. É corajoso, destemido, auto sacrifício e conquista, o Herói busca transformação pessoal em sua busca por triunfar sobre adversidades.
A motivação principal do Herói é provar seu valor por meio da coragem e determinação.
Eles trabalham arduamente para adquirir as habilidades necessárias e se orgulham de que seu esforço os destaque dos demais.
Devem enfrentar desafios de frente e aprender com derrotas ou falhas até que sejam corrigidas.
- Desejo: Maestria
- Estilo de Branding: Ser mais forte e melhor
- Indústrias Ideais: Vestuário esportivo, equipamentos esportivos, serviços comerciais
- Exemplos de Marcas com o arquétipo do Herói: Nike, Under Armour, Gatorade, FedEx
Como aplicar a estratégia de marca do Herói
O ativo mais importante de uma marca Herói é a criação de mensagens inspiradoras e conteúdo que estimule as ambições de seus clientes e os ajude a agir.
As marcas Herói se beneficiam significativamente ao usar figuras de alto desempenho com as quais os clientes possam se identificar como o rosto de sua marca.
É o que marcas esportivas como Nike e Adidas fazem ao utilizar atletas como LeBron James e David Beckham em suas campanhas publicitárias.
5. O Arquétipo do Amante
O Amante tem um afeto pelo belo e uma inclinação por experiências felizes, tanto sensuais quanto afetuosas.
O Amante deseja ser desejado. Eles são motivados a se tornarem mais atraentes fisicamente e emocionalmente para aumentar sua capacidade de atrair os outros.
- Desejo: Intimidade
- Estilo de Branding: Afirmação da beleza ou valor; tratamento VIP
- Indústrias Ideais: Perfumes, cosméticos, vinhos, alimentos de luxo e viagens
- Exemplos de Marcas com o arquétipo do Amante: Chanel, Hallmark Godiva, Tiffany & Co.
Como aplicar a estratégia de marca do Amante
Relacionamentos significativos e íntimos, seja entre parceiros, membros da família ou amigos, são fundamentais para o arquétipo do Amante.
Marcas que desejam atrair um público que se identifica com o arquétipo do Amante devem criar mensagens que façam os clientes se sentirem amados não apenas pelos outros ao seu redor, mas também por si mesmos.
Para atrair um Amante, é necessário fazê-los se sentirem atraentes ou despertar seus desejos passionais por conexão e intimidade. Isso pode ser observado, entre outros lugares, no design do site das marcas que refletem esse arquétipo.
Devido à atração por prazeres sensoriais, a comunicação e a mensagem devem usar uma linguagem e tom sensuais (não sexuais). As marcas podem aproveitar o desejo de prazer sensorial de seu público por meio da visão, som, cheiro ou toque.
6. O Arquétipo do Bobo da Corte
O Bobo da Corte é aquele que só quer se divertir e viver o momento. Eles não apenas adoram se divertir, mas veem como seu dever ser um raio de sol na vida de todos ao seu redor.
O Bobo da Corte às vezes pode ser um trapaceiro que zomba da convenção usando inteligência e humor. Na maioria das vezes, o humor pode ser auto-depreciativo e satírico.
- Desejo: Diversão, entretenimento
- Estilo de Branding: Humor, promoção dos “bons momentos”
- Indústrias Ideais: Entretenimento infantil, marcas de cerveja, doces
- Exemplos de Marcas com o arquétipo do Bobo da Corte: Nickelodeon, Dollar Shave Club, M&Ms, Geico
Como aplicar a estratégia de marca do Bobo da Corte
Os Bobos da Corte raramente são uma persona de comprador, mas podem ser um arquétipo perfeito para marcas que desejam entreter ou se associar a momentos agradáveis.
Independentemente do arquétipo e da personalidade, todo mundo gosta de rir. Desde que o contexto e o timing sejam corretos, a personalidade do Bobo da Corte pode ser um ponto de diferenciação único e amoroso.
Como o Arquétipo do Bobo da Corte, sua marca deve destacar o lado leve e positivo da vida com um espírito brincalhão e divertido. Marcas que conseguem se conectar com seu público por meio da felicidade e do riso podem se tornar marcas muito queridas.
7. O Arquétipo do Homem Comum
O Homem Comum, acima de tudo, deseja pertencer.
Eles tendem a se integrar à sociedade como “todo mundo” e não gostam de se destacar na multidão. São amigáveis e fáceis de conversar sem serem excessivamente engraçados, rudes ou excessivamente barulhentos.
Eles emprestam sua confiança facilmente, embora tenham medo de serem rejeitados.
Eles são relativamente positivos e se esforçam para se encaixar no grupo.
- Desejo: Pertencimento
- Estilo de Branding: Criar uma comunidade inclusiva e acolhedora, alinhar-se com valores fundamentais
- Indústrias Ideais: Vida doméstica/familiar, alimentos reconfortantes, vestuário do dia a dia
- Exemplos de Marcas com o arquétipo do Homem Comum: Target, Gap, eBay, Walmart, Ikea
Como aplicar a estratégia de marca do Homem Comum
Para atrair um Homem Comum, é necessário fazer com que eles sintam um senso de pertencimento. Marcas que giram em torno de atividades cotidianas podem usar este arquétipo para transmitir a mensagem de que está tudo bem ser normal.
Marcas voltadas para a vida doméstica ou familiar se encaixam perfeitamente neste arquétipo, enquanto posicionamentos elitistas ou mensagens de “somos melhores” seriam desanimadores.
Marcas do Homem Comum devem ser amigáveis e acessíveis para atrair a pessoa comum. Seu público-alvo teme a rejeição ou ser destacado dos demais.
Para essas marcas, adotar uma estratégia de liderança de custos pode ser altamente recompensador. Embora possa ser difícil diferenciar uma marca do Homem Comum da concorrência, não é um grande problema se você produzir continuamente produtos de alta qualidade e acessíveis que os clientes considerem valiosos.