Esta semana, a Adobe e a Figma anunciaram sua decisão de cancelar os planos para uma aquisição de $20 bilhões. Enquanto a Adobe havia estrategizado trazer a Figma para as ferramentas criativas Adobe Creative Cloud, adicionando a plataforma de prototipagem UX mais popular do mundo ao seu arsenal, os reguladores europeus e do Reino Unido mostraram-se oposto a essa consolidação massiva de poder de mercado ou monopólio.

Adobe paga à Figma uma taxa de cancelamento pré-determinada de $1 bilhão

Acontece que, a Adobe paga à Figma uma taxa de cancelamento pré-determinada de $1 bilhão pelo acordo antes levantado, no caso da Adobe dar um passo para trás concernete a negociação na aquisição do Figma.

Qual foi a real causa disso? a Autoridade de Concorrência e Mercados do Reino Unido (CMA) mostraram-se preocupadas com a formação de um monopólio anticompetitivo de software criativo na Adobe. Na resposta da Adobe, é possível ler o argumento agora obsoleto da empresa. Desde os fracassos da própria Adobe em ganhar espaço com seus concorrentes da Figma, o Adobe XD e uma plataforma extinta denominada Project Spice, até uma afirmação de que a Adobe precisaria se desfazer de suas marcas principais de software, como Photoshop ou Illustrator, para apaziguar as reclamações da CMA e concluir o acordo. A Adobe escreveu que isso seria “totalmente desproporcional” para resolver as preocupações anticompetitivas. (Tanto a Adobe quanto a Figma se recusaram a comentar para este artigo.)

“Não estamos surpresos que o acordo tenha fracassado, considerando a resistência declarada da Adobe aos pedidos regulatórios europeus e do Reino Unido de desinvestimentos. Isso foi simplesmente um passo além do que a Adobe estava disposta a aceitar, e mesmo a inovação e o momentum da Figma na comunidade de design aparentemente não valeram a pena começar a dividir a empresa.” diz Ian Jacobs, vice-presidente e diretor de pesquisa da Forrester

Vamos destacar três pontos sobre a história que ainda não estão sendo muito discutidos – pontos estes que explicam como esse acordo fracassado poderia impactar a comunidade de design e o software que a apoia nos próximos anos.

Após o BOOM da Inteligência articial (AI) A Figma pode não valer mais este valor – $20 bilhões

O anúncio da Adobe para adquirir a Figma foi feito em setembro de 2022. Apenas alguns meses após o lançamento dos modelos de imagem DALL-E 2 e Midjourney, e um mês antes do lançamento do ChatGPT da OpenAI em novembro, que acumularia 100 milhões de usuários nos próximos 60 dias. Agora, um ano após a explosão da IA generativa, ainda é muito cedo para escolher um vencedor. Mas as gigantes de tecnologia estão movimentando bilhões de dólares internamente para possuir o que vier a seguir. A IA está a mudar a maneira como todo o software é projetado.

A Microsoft investiu mais de $13 bilhões na OpenAI até a data de hoje, em uma causa que muitos consideram um investimento inteligente, capaz de vencer o Google, pela Microsoft. Nesse contexo, será que a Figma pode valer $20 bilhões?

A Figma agora enfrenta desafios mais difíceis!

“Eu suspeito que a Figma não receberia essa mesma avaliação no mercado de hoje que recebeu há um ano e meio, simplesmente porque a IA torna muito mais fácil para empresas nessa fase e para as incumbentes competirem”, diz James Currier, sócio-gerente da NFX, uma das principais empresas de capital de risco em software de IA.

A Adobe é uma empresa de software com um valor de mercado de aproximadamente $260 bilhões. É negociada publicamente, enfrentando a sempre complicada análise de Wall Street, e será desafiada por inúmeras startups de software para manter sua dominação na próxima década. Mas a Figma acabou de perder uma negociação de software que poderia ter definido uma geração. Ela perdeu a chance de se tornar confortavelmente parte de uma gigante de tecnologia com seu próprio orçamento de P&D. A Adobe gasta cerca de $3 bilhões por ano nesse trabalho.

“No caso específico da Figma, se o acordo tivesse sido concluído, ela – e todos os designers por aí – teriam se beneficiado dos recursos enormes que a Adobe tem investido em IA e, em particular, em IA generativa”, diz Jacobs. A Adobe, com seu tamanho muito maior, possui um orçamento de pesquisa muito maior. Agora, a Figma precisará manter seu ritmo acelerado de inovação sem tanto dinheiro ou sinergia de pesquisa.”

Isso não é para menosprezar a capacidade da Figma de inovar ou seu entendimento comprovado do mercado-alvo. O ponto aqui é que a Figma está supostamente a caminho de gerar incríveis $600 milhões em receita em 2023, mas isso é pouco em comparação com os investimentos ilimitados que estamos vendo em IA. A Adobe ofereceu à Figma uma oportunidade clara de evoluir e competir neste setor. A Adobe silenciou certas ameaças existenciais para a empresa. Agora